PRÉVERT: Page d’Écriture >..< Estudante delyra
[Re(ssu)]citando Prévert e seu pássaro-lira que estavam adormecidos neste blog desde outubro 2014 aguardando uma tradução, porque acabei de reencontrar esse tal pássaro-lira num vídeo de internet e descobri que é um animal capaz de assimilar e imitar os ruídos das máquinas humanas pra criar música de acasalamento e se comunicar com xs outrxs de sua espécie ! (No video do link que segue, é o ultimo animal a aparecer, difícil de acreditar em tudo – 4700º C!? – mas se for <uma ‘pegadinha’ <montagem de edição, já valeu pela ins_piração delyrante : https://www.youtube.com/watch?v=DWRXTw9AJAA)
Em tradução livre <com difrações tonais [<por difrações espectrais]:
Folha em branco
[<Estudante delyra]
Jacques PRÉVERT
Dois mais dois quatro
Quatro mais quatro oito
Oito mais oito são dezesseis…
Repitam! Diz o professor.
Dois mais dois quatro
Quatro mais quatro oito
Oito mais oito são dezesseis
…
Mas eis o pássaro-lira
Que passa no céu
.
E meninim o vê
E meninim o escuta
E meninim o chama:
Me salva
brinca comigo
Passarim
!
Então o pássaro desce
E brinca com a criança
.
Dois mais dois quatro…
Repitam ! Diz o professor
E meninim brinca
E passarim brinca com ele
…
Quatro mais quatro oito
Oito mais oito são dezesseis
E dezesseis mais dezesseis
<O que é que eles são ? [<Quanto é que dá?]
<Eles não são de nada> dezesseis mais dezesseis [<Eles não dão em nada>]
<E sobretudo não é trinta e dois [<E sobretudo não dá trinta e dois]
<De todo modo [<Por toda via]
Eles vão-se embora [<Eles dão o fora]
.
E o menino escondeu passarim
Dentro de sua carteira
E todas as crianças
Escutam a canção
E todas as crianças
Escutam a música
E oito mais oito por sua vez também <se vão [<dão o fora]
E quatro mais quatro e dois mais dois
Por sua vez <vazam dali [<picam a mula]
E um mais um não dá nem uma nem duas
Um mais um também <dão o fora [<vão-se embora]
.
E o pássaro-lira brinca
E meninim canta
E o professor grita :
Ora ora! Quando é que você
vai parar de bancar o palhaço
!
Mas todas as outras crianças
Escutam a música
E as paredes da sala de aula
Desabam tranquilamente
….
E as vidraças voltam a ser areia
A tinta volta a ser água
As carteiras voltam a ser árvores
E o giz volta a ser escarpa [falésia]
E o <porta-plumas [<bico de pena] volta a ser pássaro
.
…et le bitume redeviendra fleuves [l’oiseau délyre]
… e o asfalto voltará a ser rio [passarim delyra]
…et la feuille de papier reviendra à l’arbre
…e a folha em branco voltará à arvore
§
A primeira inspiração pra [re(ssu)]citar esse poema foi essa notícia (que parece ter sido tirada do ar):
Mas eis o assunto em questão de fundo aqui:
http://verdadeaberta.org/relatorio/tomo-i/parte-ii-cap2.html