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PRÉVERT: Page d’Écriture >..< Estudante delyra

mardi, avril 5th, 2016

[Re(ssu)]citando Prévert e seu pássaro-lira que estavam adormecidos neste blog desde outubro 2014 aguardando uma tradução, porque acabei de reencontrar esse tal pássaro-lira num vídeo de internet e descobri que é um animal capaz de assimilar e imitar os ruídos das máquinas humanas pra criar música de acasalamento e se comunicar com xs outrxs de sua espécie ! (No video do link que segue, é o ultimo animal a aparecer, difícil de acreditar em tudo – 4700º C!? –  mas se for <uma ‘pegadinha’ <montagem de edição, já valeu pela ins_piração delyrante : https://www.youtube.com/watch?v=DWRXTw9AJAA)

pagedecriture

clique na imagem pra ler o poema em francês >..< cliquez sur l’image pour lire le poème en français

Em tradução livre <com difrações tonais [<por difrações espectrais]:

Folha em branco

[<Estudante delyra]

Jacques PRÉVERT

Dois mais dois quatro

Quatro mais quatro oito

Oito mais oito são dezesseis…

Repitam! Diz o professor.

Dois mais dois quatro

Quatro mais quatro oito

Oito mais oito são dezesseis

Mas eis o pássaro-lira

Que passa no céu

.

E meninim o vê

E meninim o escuta

E meninim o chama:

Me salva

brinca comigo

Passarim

!

Então o pássaro desce

E brinca com a criança

.

Dois mais dois quatro…

Repitam ! Diz o professor

E meninim brinca

E passarim brinca com ele

Quatro mais quatro oito

Oito mais oito são dezesseis

E dezesseis mais dezesseis

<O que é que eles são ? [<Quanto é que dá?]

<Eles não são de nada> dezesseis mais dezesseis [<Eles não dão em nada>]

<E sobretudo não é trinta e dois [<E sobretudo não dá trinta e dois]

<De todo modo [<Por toda via]

Eles vão-se embora [<Eles dão o fora]

.

E o menino escondeu passarim

Dentro de sua carteira

E todas as crianças

Escutam a canção

E todas as crianças

Escutam a música

E oito mais oito por sua vez também <se vão [<dão o fora]

E quatro mais quatro e dois mais dois

Por sua vez <vazam dali [<picam a mula]

E um mais um não dá nem uma nem duas

Um mais um também <dão o fora [<vão-se embora]

.

E o pássaro-lira brinca

E meninim canta

E o professor grita :

Ora ora! Quando é que você

vai parar de bancar o palhaço

!

Mas todas as outras crianças

Escutam a música

E as paredes da sala de aula

Desabam tranquilamente

….

E as vidraças voltam a ser areia

A tinta volta a ser água

As carteiras voltam a ser árvores

E o giz volta a ser escarpa [falésia]

E o <porta-plumas [<bico de pena] volta a ser pássaro

.

nager-sur-la-route

…et le bitume redeviendra fleuves [l’oiseau délyre]

… e o asfalto voltará a ser rio [passarim delyra]

…et la feuille de papier reviendra à l’arbre

…e a folha em branco voltará à arvore

§

A primeira inspiração pra [re(ssu)]citar esse poema foi essa notícia (que parece ter sido tirada do ar):

http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,crimes-contra-indigenas-na-ditadura-devem-ser-alvo-de-investigacao-ampliada,1583449

Mas eis o assunto em questão de fundo aqui:

http://verdadeaberta.org/relatorio/tomo-i/parte-ii-cap2.html